O que faz um gerente de condomínio? Guia completo

O que faz um gerente de condomínio? Guia completo

Gerenciar um condomínio é uma grande responsabilidade, e a importância dessa tarefa tem sido cada vez mais evidente. 

A profissionalização do mercado não apenas tem levado muitos síndicos a se qualificarem, mas tem criado espaço para o surgimento de profissionais auxiliares nesse cenário. 

A figura do gerente de condomínio tem se tornado cada vez mais comum na gestão condominial, predominantemente em edifícios comerciais ou residenciais de muitas torres e unidades. 

Esse profissional tem se mostrado um grande braço direito dos síndicos e aliado para a criação de um ambiente organizado, saudável e com um bom funcionamento. 

Neste artigo, entenda qual é exatamente a função do gerente de condomínio, diferença do cargo com funções semelhantes, salário, mercado de trabalho e mais! Continue lendo. 

O que faz um gerente de condomínio? 

O gerente de condomínio atua na colaboração administrativa e operacional do condomínio ao lado do síndico. 

Detalhes sobre suas atividades podem variar conforme cada condomínio, mas de maneira geral ele pode ser responsável por: 

  • supervisionar as atividades do condomínio para garantir a execução adequada; 
  • e atender emergências e os moradores. 

Em alguns condomínios, a sua atuação pode ser também na parte financeira, ajudando na administração do orçamento e lidando com fornecedores e prestadores de serviço. 

Ele pode colaborar na prestação de contas e respondendo dúvidas dos condôminos sobre as finanças do condomínio. 

O que diz o Código Civil sobre a função do gerente de condomínio? 

Não há no Código Civil menção alguma sobre a função “gerente de condomínio” ou mesmo “gerente predial”. 

Em todo o momento a legislação fala sobre a responsabilidade legal apenas do síndico, o representante oficial e legal do condomínio.  

No artigo 1.348 vemos detalhadamente sobre as funções de um síndico, que incluem administração, prestação de contas e execução das deliberações da assembleia, entre outras responsabilidades. 

Apesar de essa ser a figura principal apontada pela lei, neste mesmo artigo vemos a possibilidade de o síndico delegar suas funções a terceiros, mediante a aprovação da assembleia. 

Isso significa que é possível contratar profissionais como gerentes de condomínio para auxiliar a gestão. Ou seja, apesar da função não existir no Código Civil, sua existência é válida na administração. 

>> Ler também: Qual o quórum necessário para cada situação no condomínio  

Gerente de condomínio e síndico: qual a diferença?  

Embora complementares, as funções do gerente de condomínio e do síndico são bem diferentes.  

O gerente de condomínio cuida das operações diárias, como supervisão de funcionários, manutenção e acompanhamento dos serviços. Já o síndico é o representante legal do condomínio, responsável por decisões estratégicas, pela prestação de contas e pela administração de forma geral. 

Enquanto o síndico cuida das decisões de maior impacto e precisa prestar contas aos moradores, pois responde juridicamente por suas ações, o gerente executa as ações do dia a dia e apoia a gestão prática.  

Em muitos condomínios, o gerente facilita a operação, permitindo que o síndico se concentre em questões mais estratégicas e legais. 

Diferente do síndico, que é eleito e pode ser um morador do prédio, o gerente é contratado como um profissional externo ou interno, com foco em sua expertise na gestão administrativa.  

O gerente de condomínio não tem poder de decisão sobre aspectos legais, mas pode ser fundamental para a rotina operacional. 

Gerente de condomínio e Gerente predial: qual a diferença? 

Apesar de os termos serem parecidos, gerente de condomínio e gerente predial têm funções diferentes.  

O gerente de condomínio normalmente lida com uma administração mais abrangente, podendo coordenar áreas como o planejamento financeiro, atendimento direto aos moradores e questões legais. 

Suas atividades dependem de um conhecimento técnico, mesmo que não tão aprofundado, sobre o funcionamento do condomínio, bem como legislação, normas internas e comunicação com a comunidade.  

O gerente predial, por sua vez, tende a focar mais em aspectos operacionais. Ele está atento à manutenção dos sistemas e equipamentos, garantindo a boa funcionalidade e a segurança, e resolvendo emergências dos moradores.  

Em alguns condomínios menores, pode ser que todas essas atividades sejam de responsabilidade de um profissional apenas. Em condomínios maiores, normalmente cada um tem uma função específica. 

Gerente de condomínio e Zelador: qual a diferença? 

Mas se o gerente de condomínio está tão envolvido nas atividades do condomínio, o que difere a sua função do trabalho de um zelador 

Embora ambos os cargos tenham o bom funcionamento do condomínio como objetivo final, o gerente predial possui um papel de supervisão, enquanto o zelador é responsável por atividades mais operacionais. 

Em outras palavras, o gerente de condomínio define o que precisa ser feito e supervisiona a execução. É o responsável por decidir as prioridades de manutenção, segurança e limpeza, além de monitorar o orçamento destinado a esses serviços. 

O zelador, por sua vez, realiza as tarefas no dia a dia ou colabora na supervisão. Ele fica à frente das tarefas rotineiras do condomínio, e trabalha sempre para o cumprimento das normas. 

Em condomínios grandes, o zelador responde ao gerente de condomínio, que supervisiona e orienta o profissional. Os dois profissionais atuam em conjunto, mas o gerente de condomínio possui mais autonomia e responsabilidades administrativas. 

Leia também: O que um zelador não pode fazer no condomínio? 

Qual o salário de um gerente de condomínio? 

O salário de um gerente de condomínio pode variar bastante dependendo do tamanho do condomínio, localização e experiência do profissional.  

De acordo com alguns sites de busca por vagas, o salário médio desse profissional no Brasil fica em torno de R$ 3.000 a R$ 5.000 

Profissionais que buscam salários mais altos nessa área podem encontrá-los em condomínios comerciais de grande porte ou em regiões como São Paulo e Rio de Janeiro, onde existe maior demanda e remuneração acima da média.  

O salário do gerente de condomínio reflete as grandes responsabilidades que esse cargo pode exigir, portanto, uma preparação técnica para exercer a função é indispensável. 

Profissionais com especialização ou certificações em gestão condominial podem agregar mais valor ao condomínio e obter destaque em um processo seletivo. 

>> Saiba mais sobre a Certificação Premium TownSq  

Gerente de Condomínio curso: como se capacitar 

O mercado está repleto de cursos de formação e especialização na área da gestão condominial. Esse é um passo fundamental para quem tem interesse em um cargo como gerente de condomínio. 

Os cursos abordarão temas como legislação condominial, gestão de pessoas, gestão financeira, manutenções e outros assuntos indispensáveis para quem está atuando em condomínios. 

O profissional precisa dominar o funcionamento do condomínio para poder realmente entender as suas responsabilidades e o que é esperado do seu desempenho.  

Certificações reconhecidas, como a Certificação Premium TownSq, podem ser um diferencial no currículo para quem deseja construir uma carreira sólida como gerente de condomínio e ampliar as oportunidades no mercado de trabalho. 

O profissional deve entender também que uma formação é apenas o começo. 

A gestão condominial, tanto para síndicos quanto para qualquer outro profissional que deseja destaque nesse meio, exige atualização constante. 

Qual é o Código Brasileiro de Ocupação (CBO) para gerente condominial? 

O Código Brasileiro de Ocupação (CBO) para o gerente condominial é 1423-20.0. 

Esse código é uma referência oficial que descreve as funções e competências exigidas para a profissão e serve para enquadrar os profissionais em contratos e registros trabalhistas. 

O CBO define atividades como a supervisão de serviços operacionais, coordenação de atividades de manutenção e gestão de segurança, assegurando que a descrição da função seja bem delimitada. 

Essa definição é útil para a elaboração de contratos e registros de trabalho, conferindo mais segurança e clareza quanto às atribuições do gerente de condomínio. 

Gerente de Condomínio vagas: Como encontrar oportunidades? 

A demanda por gestão qualificada é crescente, e por isso as vagas para gerentes de condomínio têm a tendência de crescer. 

Para encontrar oportunidades, busque em sites de emprego e redes profissionais, como LinkedIn, Catho e Indeed.  

Outra forma muito válida de encontrar essas oportunidades é participar de eventos de gestão condominial e criar uma rede de contatos. 

Busque fortalecer o networking em cursos, grupos de discussão, redes sociais, feiras e congressos.  

Algumas administradoras condominiais também publicam vagas para gerentes condominiais para os condomínios que atendem, facilitando o ingresso no mercado de trabalho. 

Quem busca vaga pode entrar em contato com essas administradoras e buscar mais informações sobre as possibilidades 

Participar da gestão condominial é contribuir para uma vida em comunidade mais pacífica e digna para inúmeras famílias. O gerente de condomínio tem recebido grandes responsabilidades que impactam fortemente essa gestão.  

Pessoas que se interessam no mundo condominial, em coordenação de equipes, comunicação e atendimento aos moradores, administração financeira podem encontrar compatibilidade com o cargo e encontrar seu espaço nesse setor. 

Os síndicos que podem contar com equipe mais robusta nos condomínios em que atuam têm hoje a possibilidade de compartilhar as suas responsabilidades. Eles encontram no gerente de condomínio um braço direito e um apoio. 

Tendo mais força nesta linha de frente, o síndico tem mais tempo para pensar estrategicamente no condomínio, atuando na resolução de grandes problemas e no relacionamento com a comunidade. 

Se interessou na função do gerente de condomínio e deseja iniciar a sua carreira no mercado condominial? Conheça a Certificação Premium TownSq e comece com a melhor base teórica para o cargo.

Novidades no TownSq: síndico, porteiro e equipe do condomínio têm espaço para registrar acontecimentos e interações com os moradores

Novidades no TownSq: síndico, porteiro e equipe do condomínio têm espaço para registrar acontecimentos e interações com os moradores

Mais uma vez, a TownSq tem trabalhado não apenas na busca de novas ferramentas como na modernização de tecnologias das funcionalidades existentes. Por isso, é com muito entusiasmo que informamos que a antiga funcionalidade “Registros de Turno” está de cara nova e ainda mais completa. 

O Registros de Serviço é uma versão atualizada e otimizada, que torna a gestão mais eficiente ao oferecer a personalização das interações e atividades do condomínio. Continue lendo! 

O que mudou? 

Dentro do Registros de Serviço, o síndico, o porteiro e outros membros da equipe de gestão poderão documentar o que acontece dentro do condomínio, realizar registros de turnos dos porteiros e, a partir de agora, também podem criar registros de interações com os moradores. 

Essas interações ficarão disponíveis apenas para a equipe do condomínio, criando assim um espaço de gestão de interações com a comunidade. 

Como usar estar funcionalidade? 

Acesse “Registros de Serviço” na barra lateral do TownSq. Na aba “Comunidade”, adicione registros de ocorrência dentro do seu condomínio.

Selecione a categoria e adicione a descrição. Caso queira, inclua anexos. Por fim, clique em “Adicionar”

Na aba “Moradores”, selecione o morador, a categoria e adicione o registro. Caso queira, adicione anexos. Por fim, clique em Adicionar.    

Caso queira, você também pode manter informações importantes fixadas, filtrar por registros de um determinado período, categoria ou palavra-chave. 

Exemplos de como usar o Registros de Serviço 

Em Registros de Serviço > Comunidade, registre anotações como: 

  • Portão da garagem quebrou na noite do dia 10 de agosto. Um reparo provisório foi feito no dia 11 de agosto; 
  • Elevador social apresentou falhas na porta do 5º andar, técnico foi acionado para reparo; 
  • Luzes do estacionamento apagadas durante a noite. Eletricista chamado para verificar o sistema. 

Em Registros de Serviço > Moradores, selecione o morador desejado e registre anotações como:  

  • Moradora prefere receber encomendas no período da tarde, quando está no apartamento; 
  • Morador solicita segunda vaga de garagem para novo veículo. Aguardando decisão da assembleia; 
  • Moradora registrou a presença de um novo cão de pequeno porte e solicitou autorização para uso do elevador social. 

Vantagens do Registros de Serviço 

Informações para melhorar o atendimento no condomínio: Ao manter um registro detalhado das preferências e interações com os moradores, o Registros de
Serviço permite que a equipe do condomínio ofereça um serviço mais personalizado e atencioso, elevando a experiência geral do morador; 

Produtividade da equipe: Reduzindo o tempo necessário para gerenciar e acessar informações sobre interações dos moradores, a funcionalidade aumenta a produtividade da equipe, permitindo que eles se concentrem em tarefas mais importantes e na melhoria dos serviços oferecidos; 

Gerenciamento centralizado: Com todas as informações sobre interações dos moradores em um único local, o Registros de Serviço facilita o rastreamento e o gerenciamento dessas interações, permitindo uma visão mais completa e integrada das atividades da comunidade; 

Privacidade e segurança de dados: A restrição de acesso aos membros da equipe garante que as informações dos residentes sejam mantidas em segurança e a sua privacidade protegida, cumprindo com as normas de proteção de dados pessoais; 

Melhoria contínua: A análise dos dados coletados no Registros de Serviço pode oferecer insights valiosos para a melhoria contínua das operações e do atendimento aos moradores, identificando padrões e áreas que necessitam de atenção especial. 

Experimente a funcionalidade agora mesmo! 

Mantenha os acontecimentos da sua comunidade atualizados por meio da funcionalidade Registros de Serviço. Acesse agora o TownSq para aproveitar essa possibilidade dentro do seu condomínio. 

Se o seu condomínio ainda não utiliza o TownSq, aproveite para agendar uma demonstração gratuita do nosso sistema agora.

Assumindo as rédeas: por onde começar a organizar as finanças do condomínio?

Assumindo as rédeas: por onde começar a organizar as finanças do condomínio?

A gestão financeira do condomínio está entre os maiores desafios enfrentados por síndicos atualmente. E é natural que seja um assunto de relevância, afinal, esses cuidados financeiros impactam a qualidade de vida dos moradores e a valorização do patrimônio. 

Além disso, o despreparo do profissional ao lidar com o dinheiro do condomínio pode ter graves consequências na vida do síndico, que pode responder com o seu patrimônio pessoal caso seja comprovada má-fé, negligência grave ou abuso de poder na gestão dos recursos do condomínio (artigo 1.348 do Código Civil Brasileiro). 

A live “Assumindo as rédeas: por onde começar a organizar as finanças do condomínio?” foi a primeira aula da Semana da Gestão Financeira Sem Crise de 2024, e abordou as medidas imediatas que os síndicos precisam conhecer para lidar com problemas financeiros. 

Contamos com a participação do advogado condominial Eduardo Rachid e do Síndico Profissional Wigo Ribeiro para falar sobre análises da situação financeira, a identificar causa de problemas, elaboração de planos de ação, cortes de gastos, negociações, incentivo de regularização da inadimplência, comunicação transparente e mais. 

Confira os destaques dessa aula e domine as principais medidas de reorganização financeira condominial. 

O Artigo 1.348 e as responsabilidades do síndico quanto à gestão financeira 

O Artigo 1.348 do Código Civil Brasileiro traz o síndico como responsável pela administração do condomínio, incluindo a cobrança das contribuições devidas pelos condôminos, a gestão do fundo de reserva e a prestação de contas. Ele deve agir com diligência e transparência, podendo ser responsabilizado civilmente se causar prejuízos ao condomínio por má gestão ou omissão.  

Wigo Ribeiro, síndico profissional, menciona a elaboração de um bom orçamento como a base da boa gestão financeira do condomínio. 

Para exercer suas responsabilidades, o síndico deve começar por um planejamento adequado daquilo que efetivamente vai gastar mensalmente, incluindo manutenção, segurança, administração, consumo, seguros obrigatórios, reserva para emergências e melhorias.  

“É de suma importância se organizar, e obviamente, prestar conta de tudo o que vem fazendo, o dinheiro que entrou e o que saiu no dia a dia”, explica o profissional. 

E para garantir esse fluxo do dinheiro chegando mensalmente no caixa do condomínio, o síndico também exerce o papel de fiscalizador e arrecadador das taxas condominiais. 

Segundo o advogado condominial Eduardo Rachid, entre as responsabilidades financeiras do síndico está cobrar dos condôminos suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas necessárias, segundo artigo 1348, inciso do VII do Código Civil.  

Caso o síndico falhe em exercer esse papel, ele está negligenciando sua responsabilidade. “Além disso, se porventura ele deixar prescrever o débito condominial, precisará ressarcir o condomínio de um dinheiro que ele deixou de cobrar”, explica o advogado.  

O síndico que se vê numa situação financeira delicada ou sobrecarregado pelas suas demandas, pode e deve contar com parceiros. Na área financeira, ele pode contar com diversos profissionais, entre eles, uma empresa especializada em cobrança e assessoria jurídica. 

Como o planejamento resolve os principais desafios enfrentados pelos síndicos ao lidar com questões financeiras 

Um grande erro dos síndicos está em não apenas não realizar um planejamento, mas principalmente na falta de capacidade de respeitar e acompanhar o que foi previsto.  

Como solução, Rachid comenta sobre os “três pilares do planejamento”: o planejamento, em si; o monitoramento do planejamento; e os dados e resultados do que foi executado.  

“O síndico deve monitorar para ver se está tendo evolução dentro daquilo que ele propôs na previsão orçamentária”. Por exemplo, é importante verificar não apenas as manutenções realizadas, mas a qualidade do que está sendo feito.  

Não apenas para o seu controle, mas o monitoramento também deve ser compartilhado com os condôminos, bem como suas conclusões. 

O síndico deve se preparar para chegar com resultados nas reuniões de assembleia. “Ele vai justificar o porquê será necessário readequar a taxa condominial. O condômino pode até não gostar do síndico, mas os seus resultados serão difíceis de contestar”. 

Munido de números e com uma boa organização, o síndico supera o desafio de ganhar a confiança e ter uma boa base para diálogo com os condôminos, podendo trazer argumentos com precisão. “Ele já eliminou 80% dos problemas mostrando os resultados”, observa o advogado. 

Para realizar uma previsão orçamentária adequada, Wigo Ribeiro orienta a fazer um cálculo realista, pensando nas particularidades do condomínio. “Deve-se entender as necessidades e expectativas dos condôminos”, orienta.  

Em que o síndico deveria ser aconselhado a desistir de tentar recuperar a saúde financeira de um condomínio? 

Determinadas situações financeiras podem ser tão complexas que o síndico pode se sentir desesperançoso e inclinado a abandonar o cargo. 

Perguntados sobre a possibilidade de desistência, Eduardo Rachid e Wigo Ribeiro apontam caminhos alternativos para o gestor. Renunciar à responsabilidade para com o condomínio deve ser a última opção. 

Para Rachid, o síndico é um agente de transformação social. Sua função na sociedade tem impacto de transformação. 

Transformação de um local, de uma comunidade. “A pessoa, a partir do momento em que ela busca ser síndica, tem a responsabilidade de procurar soluções para os problemas. Se não conseguir a solução, buscar minimizar”.  

O conselho é procurar soluções e profissionais competentes. O advogado aponta como primeira saída a contratação de um novo diagnóstico da situação predial, para que o síndico tenha mais controle e noção do que precisa ser feito ou deixar de ser feito. 

Para condomínios com passivo financeiro elevado, uma ideia é sempre contar com empresas de cobrança, consultorias financeiras, empresas de recuperação de crédito e garantidoras.  

Nos momentos de dificuldade, o síndico precisa também lembrar que não está sozinho. Ele pode construir uma rede de apoio com bons parceiros, capazes de dar suporte e atendimento qualificado quando necessário. 

Outro conselho do síndico profissional Wigo é envolver os condôminos no processo de recuperação da saúde financeira: “A responsabilidade é de todo mundo”.  

Análise completa da situação financeira do condomínio para começar a resolver os problemas: Onde começar a buscar informações? 

Para iniciar a resolução dos problemas financeiros de um condomínio, realizar uma análise completa da situação financeira é fundamental.  

Para isso, o síndico deve mergulhar numa coleta e avaliação detalhada de informações financeiras essenciais, como extratos bancários, registros contábeis, relatórios de receitas e despesas, e a situação das dívidas. 

Esse é um bom ponto de partida para o desenvolvimento de estratégias de recuperação financeira e reestruturação, pois o síndico poderá identificar as principais fontes de problemas e áreas de desperdício. 

A advogado condominial Rachid explica que o momento de análise conta com dois “jogadores” importantes: a administradora e a auditoria. “Essas duas ferramentas trarão um norte financeiro, as saídas de curto, médio e longo prazo”, explica.    

Quanto às soluções comuns aos casos mais emergenciais, uma decisão de curto prazo possível no mercado seria vender o crédito ou procurar uma empresa de garantia de receita. 

Esse movimento é capaz de aliviar rapidamente a pressão financeira sobre o condomínio, garantindo fluxo de caixa imediato e estabilidade financeira temporária. 

A médio e a longo prazo, Rachid aconselha a busca por uma empresa especializada em cobranças e normatizar o procedimento da cobrança no condomínio. 

“Instalar processos de como que vai ser feita a cobrança é fundamental. Mostrar mecanismos de ação para que ele (o condômino) possa falar ‘deixa eu me movimentar aqui, porque senão posso perder meu imóvel’”, orienta o advogado condominial. 

>>> Régua de cobrança para condomínios: confira o passo a passo completo para implementar no seu condomínio 

Outro pensamento que o síndico precisa ter nesse momento é a noção de que sua gestão é como uma maratona: ele tem que saber dosar seus recursos e esforços. 

E neste processo, é fundamental tornar todos cientes das escolhas financeiras e do motivo por trás de cada uma. 

“Sempre jogando de maneira transparente com os condôminos: ‘eu quero fazer isso, mas eu não consigo em virtude desse aspecto financeiro’, ou ‘eu gostaria de fazer isso agora, mas há uma urgência, conforme o engenheiro me passou, e tem que se fazer aquilo’”, exemplifica. 

O síndico profissional Wigo também preza pela transparência em todo o processo, e conta com a Administração Digital da TownSq para ter uma gestão financeira mais organizada e acessível. 

“Eu dei uma viciada na forma de trabalho da TownSq. Você tem uma facilidade muito grande de fazer e acessar a previsão orçamentária, de modo que as coisas ficam bem claras até para os condôminos. Fácil acesso do que foi gasto, como foi gasto, o que entrou e saiu”.  

>>> Mais sobre o TownSq Administração Digital 

Quais são os profissionais com quem o síndico pode contar neste processo?  

Para enfrentar os desafios de recuperação e gestão financeira condominial, o síndico poderá ter o apoio de diversos profissionais especializados. 

Esses especialistas serão responsáveis por trazer conhecimentos técnicos e estratégicos essenciais, ajudando a analisar a situação financeira, implementar soluções e garantir a conformidade com as normas legais. 

Rachid explicou que o síndico pode e deve montar o seu “time dos sonhos”. 

“No gol, os advogados. Na zaga, a administradora com o auditor. Nas laterais, os engenheiros, que eu vejo como de suma importância. No meio de campo, eu colocaria profissionais responsáveis por manutenções, zeladoria, portaria, limpeza, pois estão na linha de frente. No ataque, eu colocaria o síndico, de forma isolada para marcar os gols”, escalou.  

Rachid ainda explica que esses profissionais todos não precisam, necessariamente, ser contratados mensalmente. Alguns podem ser chamados de forma pontual.  

Além de reforçar a necessidade do síndico se cercar do conhecimento jurídico, contábil e de bons especialistas, Wigo Ribeiro reforçou que além da questão técnica é importante avaliar se há confiança nesses profissionais. 

Ele relembra que pôde contar com a TownSq na ocasião em que teve dificuldades numa questão fiscal e precisou de apoio.  

O condomínio que assumira não havia realizado o pagamento de alguns tributos, o que estava comprometendo a regularidade fiscal do condomínio. 

“Algumas DARFs (Documentos de Arrecadação de Receitas Federais) não tinham sido pagas, e quem me ajudou foi própria TownSq, que tem uma equipe qualificada de contabilidade, e a gente fez as declarações necessárias”. 

Cuidados para realizar cortes de gastos no condomínio 

Uma análise das despesas do condomínio é fundamental para o gerenciamento da saúde financeira. Mas ao considerar cortes de gastos, o síndico precisa ter cautela e estratégia, priorizando a eficiência sem comprometer a qualidade dos serviços e a segurança dos moradores. 

Avaliar as despesas de maneira criteriosa e planejar as reduções com transparência são passos fundamentais para garantir a sustentabilidade financeira do condomínio sem gerar impactos negativos para a comunidade. 

Para Wigo Ribeiro, o primeiro passo é entender quais são os serviços essenciais, aquilo não pode de jeito nenhum ser cortado. 

Neste caso, manutenções são um tópico que merece muito cuidado. 

Em geral, é perigoso economizar nesse aspecto, pois a qualidade deve ser priorizada e as opções mais baratas, muitas vezes, não são as mais adequadas. O síndico pode estar economizando hoje e precisando pagar mais caro amanhã. 

Mesmo com as dificuldades, o síndico profissional afirma que não podemos duvidar da capacidade de cooperação da comunidade. 

“Às vezes, você vai se surpreender, pois durante um período os condôminos podem aceitar pagar um pouco mais que você não precise cortar alguns gastos”. 

Rachid lembra que, na maioria das vezes, o condômino não faz ideia do que está dentro da planilha da previsão orçamentária. É papel do síndico apresentar e estar recapitulando nas assembleias. 

“A orientação que a gente sempre passa para o síndico é dizer ‘dentro desses serviços ofertados, o que dá para retirar daqui? O que dá para otimizar?’, e a gente vai falando linha por linha”. 

Dessa forma, os condôminos terão a ciência do que é necessário no condomínio, o que deve ser priorizado e o custo de cada coisa. 

O advogado também orienta que o síndico cuide com as palavras. “Não é corte de gastos, é otimização de investimento”. 

Dessa forma, o morador entende que aquela ação também é uma forma de investir em conforto, bem-estar e segurança da comunidade, uma realocação mais eficiente dos recursos. 

Como incentivar a regularização da inadimplência dos condôminos de forma eficaz?  

Assim como um cidadão paga impostos e espera que o Estado, em contrapartida, ofereça bons serviços de saúde, educação e segurança, o condômino deve entender que o pagamento da taxa condominial visa manter e melhorar os benefícios dentro do condomínio para a comunidade. 

É essa a analogia utilizada pelo advogado Eduardo Rachid para explicar a luta pela diminuição da inadimplência. 

Ele orienta que o síndico explique aos moradores o que deixará de ser feito caso o dinheiro não entre no caixa. “Você vai ter que chegar e falar: ‘Olha, se continuar nessa linha de inadimplência, as consequências serão essas’”. 

Para apoiar seu trabalho, o síndico pode contar com profissionais jurídicos, contábeis, além das soluções de crédito e cobrança disponíveis no mercado. 

Rachid orienta que a situação da inadimplência seja primeiramente gerenciada de forma administrativa, antes de envolver o setor jurídico. 

Para isso, é fundamental que o condomínio siga uma regra de cobrança, com um procedimento padrão em casos de atraso. 

>>> Régua de cobrança para condomínios: confira o passo a passo completo para implementar no seu condomínio 

O advogado alerta para uma conduta comum e perigosa no combate à inadimplência: a concessão de descontos não permitidos juridicamente, que vai contra o Código Civil, contra a convenção e contra a assembleia. 

O síndico que conceder descontos a inadimplentes por conta própria, irá pagar a conta. “Caso isso venha acontecer, soma-se a responsabilidade civil do síndico de ter que ressarcir aquele montante ao condomínio, pois o dinheiro pertence a uma coletividade, não pertence a ele”.     

Wigo Ribeiro aconselha que o síndico se responsabilize pelo primeiro contato com o condômino inadimplente, nestes casos, oferecendo auxílio e se colocando à disposição caso o condômino tenha alguma dificuldade de acesso ao boleto ou algo parecido. 

“Com o tempo você percebe quais são aqueles moradores que sempre são pontuais, outros que eventualmente atrasam um pouco e aqueles que realmente passam por maiores problemas. É tudo uma questão de de saber como se relacionar com cada um”, observa. 

Outro grande aliado do síndico é a tecnologia. Um sistema que permita a visualização completa da situação do condomínio, agilize acordos e a gestão como um todo se torna imprescindível. 

“O síndico do século XXI precisa investir em tecnologia. Com a tecnologia ele otimiza recursos, otimiza gastos e tem uma ferramenta para ajudar a diminuir na inadimplência”.

 

Como envolver a comunidade na transformação financeira do condomínio 

Envolver a comunidade na transformação financeira do condomínio é fundamental para alcançar resultados duradouros. 

A participação ativa dos condôminos não apenas fortalece o senso de responsabilidade da comunidade, mas também facilita a implementação de medidas necessárias para reverter a situação financeira.  

Para Wigo Ribeiro, o fortalecimento do senso de pertencimento na comunidade é o que fará toda a diferença, e o síndico, como líder, precisa agir para inspirar esse sentimento. 

“As pessoas precisam entender a sua honestidade, a sua transparência, a vontade de fazer a coisa dar certo juntamente com a equipe”. 

Também para ele, fomentar o diálogo numa comunidade tão diversa é outra iniciativa fundamental. “O condomínio é um recorte da sociedade. Cada pessoa tem um entendimento, e essa divergência, que muita gente acha ruim, é boa para o síndico começar a ter visões diferenciadas. 

Essa troca de conhecimento com pessoas é que vai fazer essa mudança ali dentro do teu condomínio”. 

>>> Comunicação não violenta: o que é e como praticar no seu condomínio? 

Rachid finaliza as orientações falando sobre três chaves de conhecimento que o síndico precisa ter: educação financeira, gestão emocional o terceiro ponto é a comunicação, que vai permitir um bom envolvimento com a comunidade. “A comunicação é o fermento do bolo no condomínio para o síndico crescer”. 

As condições para a boa comunicação são que seja clara, objetiva, direta e, sobretudo, humana. 

A gestão humanizada seria a “cereja do bolo”. “Não adianta ele ter todo o tecnicismo e não dar bom dia aos condôminos ou perguntar se o porteiro está bem ou precisa de algo”, alerta o advogado.  

Veja a live completa:

Semana da Gestão Financeira 2024 

A Semana da Gestão Financeira foi um evento 100% online e gratuito realizado pela TownSq dos dias 19 a 22 de março de 2024. 

As aulas formam uma imersão completa nas finanças condominiais, passando por diferentes desafios e abordando temas como organização das finanças, prevenção de problemas, valorização do patrimônio e facilitadores tecnológicos para o síndico. 

Assistir à playlist completa do evento 

SOS Rio Grande do Sul: saiba como e quem continuar ajudando

SOS Rio Grande do Sul: saiba como e quem continuar ajudando

Em abril e maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul sofreu as consequências de grandes temporais em diversas cidades. 

O volume de água levou ao sobrecarregamento de várias bacias que invadiram cidades, devastando casas e levando vidas. A tragédia é considerada a maior catástrofe climática da região, e entrou para a história como um dos maiores desastres naturais do Brasil. 

Como uma empresa gaúcha, a TownSq assumiu a responsabilidade de atuar, apoiar e oferecer o suporte necessário para quem foi atingido ou está na linha de frente durante esta fase difícil. 

Portanto, além de colaborar com alertas oficiais e orientações para condomínios, também auxiliamos membros da nossa comunidade interna que foram afetados e a sociedade, por meio de divulgação de ações e doações a instituições. Veja mais! 

Instituições sociais que a TownSq apoia 

  1. Vakinha: A Maior Vaquinha Solidária do RS
  2. Instituto Cultural Floresta
  3. Operação De Volta Para Casa
  4. Grupo Au Au Miau
  5. Centro Humanístico Vida da Baltazar
  6. Associação Pais e Amor de Cachoeirinha/RS

Vakinha: A Maior Vaquinha Solidária do RS 

Já no início das primeiras mobilizações para ajudar os afetados pelas enchentes, foi divulgada a Vakinha, a maior campanha solidária do Rio Grande do Sul, criada pelo Instituto Vakinha, pelo Pretinho Básico e por Badin Colono.  

O valor que segue sendo arrecado é direcionado para ajudar as famílias, escolas, abrigos e entidades assistenciais que sofreram com as chuvas fortes.  

O Instituto Vakinha também é responsável pela criação de diversos outros movimentos, como a maior faxina voluntária do RS, a Vakinha Pet com a protetora animal Deise Falci, entre outras iniciativas.  

Saiba detalhes e como doar: 

Chave PIX: enchentes@vakinha.com.br 

Portal de Transparência das doações 

Instituto Cultural Floresta 

O Instituto Cultural Floresta (ICF) foi criado em 2016 para buscar forças e soluções inovadoras e colaborativas para a segurança pública no Rio Grande do Sul. 

Durante o momento, a instituição abraça a missão de apoiar a população afetada, reforçando a missão de apoiar de responder às necessidades da comunidade. 

O ICF aceita contribuição financeira, de qualquer valor, destinada a aquisição e distribuição de cestas básicas, fornecimento de kits de higiene e apoio na reconstrução de áreas afetadas. 

Saiba detalhes e como doar: 

Dados para PIX/Transferência: 

Banco: 041 

Agência: 0100 

Conta: 064257440-8 ou 27.631.481/0001-90 

INSTITUTO CULTURAL FLORESTA 

Site oficial Instituto Cultural Floresta 

Operação De Volta Para Casa 

Movimentada pelo Ciclo Empreendedor, Instituto Cultural Floresta e pela ArqExpress, a Operação De Volta Para Casa Rio Grande do Sul levanta recursos e viabiliza o processo de reconstrução de casas no estado.  

As doações podem ser feitas via PIX ou por compras de itens domésticos disponíveis no site oficial do projeto.  

Saiba detalhes e como doar: 

Site oficial: www.operacaodevoltaparacasa.com.br 

Instagram: www.instagram.com/devoltaparacasars 

Chave PIX: CNPJ 10.429.522/0001-67 

Grupo Au Au Miau 

O Grupo Au Au Miau de Sobradinho/RS atua na Região Centro Serra do estado. Os voluntários atuaram no resgate e cuidam de animais vítimas de enchentes e maus tratos. 

Formado por mais de 30 voluntárias dedicadas, o grupo busca proporcionar uma vida digna e segura para esses animais, oferecendo abrigo, cuidados médicos e carinho. 

Saiba detalhes e como doar: 

Grupo no Facebook: https://bit.ly/GrupoAuauMiau

Chave PIX: 36.433.521/0001-80

ANÁLIA HAMANN SILVA

Centro Humanístico Vida da Baltazar 

O Centro Humanístico Vida da Baltazar é um abrigo que amparou mais de 400 animais resgatados nas enchentes de Porto Alegre. 

Atualmente, a instituição conta com o apoio de voluntários para doações de materiais, alimento e medicamentos necessários para os pets e para a disponibilização de lares temporários para animais que se recuperam e buscam adoção. 

Saiba detalhes e como doar: 

Endereço: Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2132 – Porto Alegre/RS, 91150-000 

Telefone: (51) 98608-4645 

Instagram: www.instagram.com/resgatados.centrovida 

Chave PIX: resgatadoscentrovida@gmail.com 

Associação Pais e Amor de Cachoeirinha/RS 

Fundada em 2016, a Associação Pais e Amor de Cachoeirinha oferece suporte a mais de 400 famílias na cidade, proporcionando lazer, bem-estar, atendimento, informações e trabalhando na garantia de direitos da pessoa autista. 

As famílias afetadas pelas enchentes estão sendo atendidas diretamente nos abrigos e recebendo doações, além de apoio para a limpeza e reconstrução de suas casas e suporte psicológico.  

Saiba detalhes e como doar: 

Atualização sobre doações no Instagram: www.instagram.com/paiseamorcachoeirinha  

Chave PIX: CNPJ 26.262.061/0001-10 

Ponto de arrecadação: Rua Juarez Cardoso Evaldt,25 – Parque da Matriz, Cachoeirinha/RS 

A reconstrução de um estado de quase 300 anos de história precisará de tempo e de muita colaboração. Faça a sua parte. 

Edifícios antigos: quais cuidados o síndico precisa tomar?

Edifícios antigos: quais cuidados o síndico precisa tomar?

É responsabilidade do síndico garantir a segurança do condomínio, e isso envolve trabalhar na implementação de medidas adequadas de segurança física desse espaço. E em edifícios antigos, essa responsabilidade inclui alguns cuidados específicos, uma vez que essas estruturas podem acumular muitos problemas desde a sua criação e podem não ter recebido o acompanhamento correto ao longo dos anos. 

Isso não significa que o síndico deve se tornar um perito especialista nas edificações em que atua, mas ele precisa buscar informações sobre o assunto e encontrar bons parceiros para ajudá-lo neste quesito.  

E foi isso o que a live “Edifícios antigos: quais cuidados o síndico precisa tomar?” trouxe em seu conteúdo. Contamos com a participação da Engenheira Civil Débora Vignali, especialista em Patologia das Construções e Perícias de Engenharia com experiência de 10 anos no setor condominial, para explicar os principais tópicos desta temática de maneira didática e com muitos exemplos comuns. 

Confira os destaques dessa aula ao vivo para entender quais são os principais pontos de atenção do síndico de edifícios antigos e sobre medidas gerais que todo profissional precisa ter com o condomínio. 

Vícios construtivos e problemas comuns em condomínios antigos 

Os condomínios antigos podem ter suas particularidades, como métodos construtivos diferentes que antes eram muito utilizados. A especialista Débora Vignali discorreu sobre as principais diferenças que devem ser notadas, especialmente porque muitos materiais utilizados na época da construção precisam ser substituídos ou modernizados.  

Estrutura 

A engenheira analisa que antes as estruturas eram mais robustas, enquanto hoje são mais esbeltas, podendo ser projetadas por softwares, uma forma bem diferente de trabalhar.  

Pode-se notar também as diferenças de espessuras de cobrimento das armaduras, de um pilar, de uma viga, ou de uma laje. “As normas também mudam ao longo do tempo. Essa espessura hoje é muito maior. Antigamente, era uma espessura pequena. Se você pegar estruturas antigas que não receberam manutenção ao longo do tempo, é muito fácil encontrar o problema de corrosão”, explicou.   

Instalações 

As instalações, anteriormente, eram feitas de cobre. Essa também é uma mudança em edifícios novos, pois percebe-se o problema da oxidação de instalações antigas, o que leva à troca de toda a instalação.  

A atualização de instalações elétricas também são um grande ponto de atenção. Hoje, existe uma demanda diferente de equipamentos comparada ao passado, então vê-se a necessidade de fazer um retrofit das instalações elétricas. “Isso é importante para que não dê problema como um curto-circuito ou não consigam utilizar uma certa demanda de energia elétrica”, explica a especialista.  

Elevadores 

Os elevadores também entraram na lista do que precisa ser modernizado: não só pela estética, mas principalmente pelo possível desgaste, problemas estruturais ou técnica obsoleta.  

Pisos e fachada 

Alguns materiais utilizados em pisos e fachadas em condomínios antigos também merecem atenção. Com a deterioração natural, faz-se necessária a troca ou atualização, já que alguns itens podem não são ser mais comercializados.  

A modernização do material é fundamental não apenas pela aparência, mas pela facilidade de conservação e manutenção dos novos materiais.  

Garantia x Erros da construtora x Desgaste natural: como saber de quem é a responsabilidade dos danos ao condomínio e a quem recorrer? 

Quando um problema estrutural surge no condomínio, apontar um responsável ou saber a quem recorrer é sempre um desafio. A engenheira descomplicou o assunto evidenciando as diferenças em cada situação. 

Garantia 

A garantia é um período de 5 anos definido Código Civil em que a construtora precisa atender o condomínio em qualquer problema apontado. A responsabilidade da construtora, nestes casos, é objetiva. Ou seja, ela pode buscar provar que a culpa não é dela.  

Neste período, após abrir uma notificação, o condomínio aguarda o retorno da construtora. Débora reforça um ponto fundamental antes da notificação: o condomínio precisa se certificar de que fez a sua parte. “A construtora vai verificar se aquilo é coerente, se realmente o condomínio fez as manutenções que deveria fazer, ou se utilizou a edificação conforme o manual. Se estiver tudo certo, então o problema realmente é da construtora”, alerta. 

Responsabilidade da construtora após 5 anos 

Após os 5 anos da garantia, a especialista explica que o que deve ser levado em consideração é a vida útil dos materiais e sistemas utilizados pela construtora. Isto é, o tempo que os materiais utilizados precisam durar de acordo com o que foi projetado. “Uma estrutura, por exemplo, que tenha uma vida útil mínima de 50 anos, precisa durar, no mínimo, 50 anos. E a construtora tem responsabilidade pela estrutura durante esses 50 anos”, explicou.  

O que muda neste momento é que, no período de garantia, o condomínio só precisa notificar a construtora. Fora da garantia, o condomínio precisa comprovar que a responsabilidade é da construtora, além de provar que fez as manutenções necessárias e que o edifício foi utilizado corretamente.  

Regras de manutenção nos condomínios antigos 

Para dar o seguimento correto das manutenções que o condomínio é obrigado a cumprir, o edifício precisa de orientações adequadas que atualmente são entregues pela construtora na forma de um manual.  

O manual de uso, operação e manutenção das edificações é uma exigência do Código de Defesa do Consumidor. Ele prevê que todo o produto ou serviço tenha um manual de instrução. “Assim como temos o manual do carro ou da geladeira, a edificação também precisa de um manual. E como cada edificação é diferente da outra, a construtora responsável precisa informar ao seu cliente e ao síndico detalhes sobre como utilizar e como manter”, ensina Débora. 

Quando o empreendimento é entregue, o manual é entregue também pela construtora. A partir de então, torna-se papel do síndico executar o calendário de manutenções de acordo com o que está no material. “Ele precisa conter informações claras e didáticas, e apresentar todos os materiais que foram utilizados todos os sistemas.” 

Os detalhes desse manual guiarão as manutenções necessárias. A construtora precisa apontar quais são as áreas que são impermeabilizadas ou não, quanto tempo o rejunte precisa de manutenção, telhado, e quem deve executar essas manutenções, entre outros detalhes. “A lavação de uma fachada precisa ser realizada por uma empresa especializada, que tenha funcionários com treinamento em altura e outros detalhes de segurança”, exemplificou Débora. 

Implantando esse sistema de gestão da manutenção e registrando a execução de maneira orientada, o condomínio está seguro e poderá requerer a garantia da construtora a qualquer momento. “Se um condomínio tem esse manual e não segue, automaticamente já perde a garantia sobre aquilo.”   

Infelizmente, alguns prédios antigos podem não ter esse manual, já que no passado ele não era uma obrigatoriedade da parte das construtoras. Nestes casos, a engenheira aconselha a, antes de qualquer coisa, fazer uma inspeção predial.  

Na inspeção, o profissional contratado irá levantar todas as características e todos os problemas que o condomínio apresenta e gerar orientações para um manual. Inicialmente, o condomínio tratará de resolver o que for apontado como emergencial. “A partir dessa análise, é criado um plano de ação do que precisa ser corrigido e um plano de manutenção”. 

O plano de manutenção nada mais é do que um cronograma das manutenções, uma agenda baseada em normas e nas exigências para o condomínio que foram apontadas na inspeção. Para facilitar essa organização, alguns aplicativos como o TownSq permitem a organização de datas e alertas para que o síndico não se perca nas datas de manutenção do condomínio.  

Mais sobre o aplicativo TownSq 

Vale lembrar que algumas normas de manutenção são gerais, enquanto outras podem ser locais. Um profissional habilitado irá personalizar as orientações de acordo com a particularidade do condomínio e sua localização. Débora traz como exemplo a periodicidade de lavação de fachada em condomínios litorâneos, que pode ser mais frequente por conta da maresia.  

Como identificar problemas estruturais no edifício 

Para identificar problemas na estrutura do condomínio, contar com o auxílio de um profissional é sempre o ideal, mas o síndico pode e deve desenvolver um olhar atento ao condomínio. A orientação é respeitar as manutenções e aprender a identificar as necessidades da edificação. 

A engenheira explica que esses indícios vão desde rompimentos bruscos a pequenos sinais que começam aparecer aos poucos. E quanto antes os problemas forem identificados, menores os riscos para o condomínio. Além disso, mais fácil e mais barato será o conserto.  

A recomendação é que seja realizada uma inspeção anual no condomínio, um verdadeiro “pente fino” na estrutura do prédio. “É como se a gente fosse no médico uma vez por ano, fazer um check-up geral”. No dia a dia, a inspeção visual é o suficiente para verificar se tem algum sintoma. 

“Prevenção é justamente isso, verificar com periodicidade, e não chegar num prédio depois de 30 anos e só então encontrar um pilar está com corrosão de armadura, ou que já tem um pedaço de concreto caindo. Isso aí já é uma manutenção corretiva.” 

Agir preventivamente significa tomar medidas antes que o problema inicie. Para exemplificar, Débora cita o que pode acontecer quando uma lavação de fachada é negligenciada.

“Passar o prazo de uma lavação pode levar a uma lavação e uma restauração de pintura, porque adiar a lavação resulta em problema na pintura, que é uma proteção da fachada. Se isso demora ainda mais, essa manutenção vai virar uma lavação, uma restauração de pintura e um reparo de fissuras. E se isso demorar ainda mais, já começam as infiltrações, e por aí vai até virar uma recuperação estrutural na sua fachada.” 

Essa reflexão é uma prova de que o respeito ao calendário de manutenções preventivas, a inspeção visual frequente e a inspeção feita por profissional são alternativas que garantem segurança e impedem que o condomínio gaste tanto.  

Identificando reformas que mascaram os problemas do condomínio 

Quando falamos em problemas na estrutura do condomínio, podemos imaginar danos explícitos. No entanto, condomínios recém reformados podem estar mascarando problemas. O que está bonito por fora nem sempre está bom por dentro. Mas como o síndico pode descobrir esses problemas escondidos? 

A resposta está em sempre reparar nos detalhes do condomínio e não subestimar os pequenos sinais. Quando o síndico assume um condomínio mais antigo, precisa se certificar de que rachaduras e pequenos indícios sejam avaliados, e precisa resolvê-los adequadamente caso sejam sintomas de um problema estrutural.  

Débora compartilhou um caso de quando fez um orçamento de uma infiltração no condomínio. Andando pelo prédio, notou um pilar com uma rachadura muito grande. “Na hora eu bati o olho e pensei: corrosão de armadura, com certeza”. Quando perguntou ao zelador se a síndica tinha ciência desse problema, ele respondeu que sim, e que ele mesmo já arrumaria. E que assim já havia feito várias vezes no condomínio.  

“Ele não consertou, mas fez uma maquiagem. O profissional está ali recebendo ordens e fazendo o trabalho dele, mas é extremamente perigoso”, explica a profissional. 

Além de tentar resolver o problema “em casa” equivocadamente, o síndico muitas vezes pode acabar contratando serviços sem saber realmente o que precisa ser feito. E a consequência da “maquiagem” no condomínio pode ser muito grave, porque o verdadeiro problema nunca é realmente sanado. A partir de então, se torna uma bola de neve. 

Quando ninguém toma a providência correta, prédios podem ficar por anos só aumentando seus riscos. Débora exemplifica com o caso de um condomínio de Florianópolis, em que foi necessário evacuar todo o prédio, e depois de meses os moradores ainda não conseguiram voltar, porque os problemas foram se acumulando.  

O síndico deve notar que uma característica da maquiagem no condomínio é que o problema volta a aparecer logo. Portanto, o gestor deve estar sempre atento durante as inspeções rotineiras. Quando realmente aparecer, por exemplo, uma fissura, deve procurar um engenheiro para uma visita técnica. “A visita do engenheiro pode custar, mas caro, na verdade, é deixar o condomínio desse jeito”, alertou Débora. 

Neste ponto, mencionamos também que o síndico não deve ficar refém da decisão da assembleia quando ela se opõe a fazer os reparos realmente necessários. “Quem vai ser responsabilizado, caso haja algum dano, vai ser o síndico. E muitos síndicos sabem da importância, só que não têm coragem de contrariar a assembleia”, apontou Débora.  

Se o síndico não cumpre os cuidados adequados, pode responder tanto civil quanto criminalmente, caso ocorra algum acidente por conta de falta de manutenção.  

>>> Leia agora: O que o síndico pode fazer sem a aprovação da assembleia?  

Como deve acontecer a vistoria no condomínio 

O Laudo Técnico de Inspeção Predial é um diagnóstico obrigatório dos condomínios, cuja periodicidade de realização pode variar em cada cidade. Contratar especialistas para realizá-lo no período correto é uma obrigação do síndico, já que ele é o responsável pelas manutenções e segurança do edifício.  

A inspeção é praticamente um “pente fino” no prédio inteiro. Desde a caixa d’água e cobertura, até todas as áreas comuns e todos os sistemas da fachada. O objetivo é mitigar os riscos técnicos e econômicos do condomínio. 

Levantando esses problemas, o profissional especifica o que precisa ser feito para saná-los e apresenta através de uma tabela de prioridades. O síndico deve então priorizar o que apontado como urgente, ou seja, o que pode causar risco a segurança das pessoas que moram ali. 

A prioridade dois são problemas que não causam risco à segurança, mas também precisam de atenção pois possuem uma progressão mais rápida. Ou seja, algo que, se não for arrumado em curto prazo, pode ficar cada vez pior e mais caro. E a prioridade três são problemas mais estéticos, que não são urgentes. 

A partir dessa tabela, o síndico consegue fazer uma previsão e saber como direcionar o orçamento do condomínio. A engenheira Débora recomenda que haja uma assessoria pós entrega de laudo também, para ajudar a verificar se as empresas contratadas são aptas, ajudar na fiscalização de obras e para verificar se realmente esse escopo esteja sendo cumprido da forma correta, com os materiais e técnicas especificadas. 

A importância das manutenções preventivas 

Muito se fala do custo de não fazer uma manutenção preventiva, e para elucidar esse raciocínio, Débora mencionou o estudo da “Lei de Sitter”, que comprova os impactos econômicos que a ausência de manutenção pode ocasionar.  

Segundo essa lógica, o custo de uma manutenção adiada pode aumentar numa progressão geométrica de razão cinco. Isso significa que quando uma manutenção é negligenciada, o valor de reparo é 5 vezes mais caro que o valor de prevenção, e vai ficando 5 vezes mais caro se continua sendo adiada. 

Débora explica que, quando as manutenções preventivas são adiadas, elas vão ficando cada vez mais caras porque se tornam corretivas. E um exemplo comum mencionado foi o da negligência com a limpeza do ralo. Durante um período de chuva, se essa limpeza não acontece, a água vai subir o nível, irá para debaixo do telhado e resultará em infiltração no apartamento debaixo, estragando o forro, móveis e pintura. O conserto será muito mais caro. 

Isso comprova que uma simples manutenção não feita pode resultar em um custo enorme, e comprova que prevenir é melhor do que remediar. 

Como conscientizar os moradores sobre a necessidade de reparos estruturais e preventivos 

Um grande desafio para o síndico é explicar para os moradores que, muitas vezes, a reforma ou gasto no condomínio não vai deixá-lo necessariamente mais bonito, mas vai reparar ou prevenir algo estrutural.  

É fundamental que o síndico entenda o que está acontecendo e saiba como comunicar, para que o morador consiga visualizar essa obra como algo necessário. “Sempre que eu tenho a oportunidade de apresentar um orçamento meu em assembleia, eu acho ótimo, porque consigo realmente explicar para eles a necessidade.” Débora comenta que a atitude de não entender esse investimento pode vir de uma visão cultural.

“No Brasil a gente tem muito cuidado com o automóvel, mas os imóveis custam muito mais do que os automóveis. E a gente acaba deixando o imóvel ali, um patrimônio que ainda vai valorizar muito mais que um carro, e não temos o costume de cuidar desse patrimônio”, observa. 

Essa comparação é uma forma interessante e didática de explicar aos moradores que certas intervenções são fundamentais para a valorização do patrimônio, além de, certamente, garantir a segurança dos condôminos e de suas famílias. O engenheiro, ao lado do síndico, ajudará a mostrar para a assembleia o que deveria ser prioridade e as consequências de não seguir com as mudanças.  

Se a assembleia segue se opondo a manutenções preventivas, corretivas e reparos urgentes, vale reforçar a importância do síndico se posicionar em prol da boa gestão. Débora reforça que esse é um posicionamento ético do profissional.

“Até antes de ser eleito, o síndico precisa entender que, a partir do momento que uma assembleia está te fazendo trabalhar de forma contrária à lei, esse cliente não é para você”. 

Como grande responsável pela gestão da comunidade, o síndico precisa entender que faz parte das suas obrigações executar as manutenções adequadamente, ou poderá responder por isso.  

Desgaste natural do condomínio: como desacelerar? 

Além de respeitar o calendário de manutenções preventivas do condomínio e sempre buscar o auxílio de profissionais especializados, síndico, moradores e funcionários podem contribuir para colaborar com a preservação do condomínio. 

Débora ensina que cada material implementado num numa edificação tem uma vida útil diferente. E para que nenhum prazo vença e seja esquecido, síndico e toda a equipe do condomínio precisam ficar atentos aos detalhes. “Não tem como desacelerar o envelhecimento de um material, mas é preciso acompanhar esse envelhecimento para trocar o quanto antes”, orienta.  

Construções antigas x Construções atuais 

Mesmo que muitas modernizações nas construções atuais possam garantir maior durabilidade e segurança, é errado pensar que elas sejam melhores que construções antigas de forma geral, muito menos que não exijam a mesma atenção e cuidado. 

O que Débora nos explica é que, com a construção acelerada de edificações, fica muito difícil que cada obra tenha a presença constante de um engenheiro. O resultado disso são vários vícios construtivos que já aparecem nos primeiros anos nos novos prédios.

“As obras são feitas mais rapidamente, em prazos cada vez mais apertados, então eu arrisco dizer que tem obras novas aí que estão piores que obras antigas”, avalia. 

Portanto, o cuidado com um condomínio em seus anos iniciais é imprescindível, também para que em seu período de garantia fique mais fácil contatar a construtora e reparar problemas.  

“Eu gosto muito de comparar as edificações com os seres humanos. Uma construção nova nada mais é que um bebê, que não tem a imunidade formada direito e está muito mais suscetível a doenças. Então, você precisa acompanhar esse bebê com mais frequência”, comparou Débora.  

Utilizando essa analogia, um prédio antigo seria um adulto ou idoso, que também precisam de uma atenção especial e cuidado frequente, para que se preservem e tenham vida longa.  

Confira a live completa, com as perguntas extras dos participantes: