Manutenção de para-raios: como funciona e qual é sua importância?

por | out 9, 2018 | Obras e Manutenções

No Brasil, as chances de ser atingido por um raio são maiores do que ganhar na Mega Sena. Por causa disso, é importante que os condomínios façam a instalação de para-raios no topo dos edifícios. Afinal de contas, ninguém quer se tornar estatística.

Para você ter uma ideia, o país é o campeão mundial em incidência do fenômeno. Apenas entre os anos de 2011 e 2017 foram registrados quase 78 milhões de raios que caíram em território brasileiro. De acordo com pesquisas, são cerca de 130 mortos, 200 feridos e um prejuízo de R$ 1 bilhão por ano.

É responsabilidade do síndico garantir a segurança dos condôminos e a proteção da edificação. Pensando nisso, preparamos esta publicação com todas as informações sobre como realizar a manutenção de para-raios no condomínio. Continue lendo!

Entendendo os raios

Para começar, é importante compreender o que de fato é um raio. Veja:

O raio é uma descarga elétrica de grande intensidade. O fenômeno ocorre entre as nuvens e o solo em momentos de tempestades.

Um raio possui a intensidade média de 30 mil Ampères. Isso quer dizer que um único relâmpago tem cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. Imagina o estrago que isso pode causar? Raios têm a tendência de atingir os pontos mais altos de uma região. Desta forma, condomínios verticais e/ou em grandes centros urbanos correm maiores riscos de serem atingidos.

Raios podem causar os seguintes problemas:

  • Queima de aparelhos elétricos;
  • Danos à estrutura do edifício;
  • Queimaduras;
  • Perda de consciência;
  • Parada cardíaca e respiratória;
  • Lesões cerebrais;
  • Risco de morte.

Como funciona um para-raio?

Agora que você compreende a dimensão dos problemas que raios podem trazer, chegou a hora de falarmos sobre o herói dessa história. O para-raio é a principal forma de se proteger contra essas intempéries da natureza.

O para-raio permite que a descarga elétrica possa chegar até o solo sem entrar em contato com a edificação ou as pessoas que estão dentro dela. Logo, para-raios evitam danos à estrutura e à vida dos moradores.
Para-raios são compostos por três partes:

Terminais aéreos: parte que fica instalado no ponto mais alto da edificação. Servem para atrair os raios. Esse dispositivo é composto por uma haste de metal geralmente feita de cobre, alumínio ou aço.

Condutores de descida: são os responsáveis por conduzir a carga elétrica do raio recebida pelos terminais aéreos. Normalmente são feitos com revestimento de cobre.

Terminais de aterramento: essa é a parte do para-raio que é responsável por dissipar a energia elétrica no solo. É composto por uma placa de cobre ou revestida por cobre enterrada no terreno da construção. O nível do aterramento varia de acordo com as características do solo.

Ao contrário do que o nome indica, o para-raio não interrompe o raio. Por sua vez, o equipamento permite que a descarga elétrica seja conduzida de forma segura até o solo. Com isso, o condomínio se mantém seguro.

Regras e normas sobre para-raios no Brasil

As exigências relacionadas a para-raios são determinadas pelos seguintes órgãos:

  • ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas);
  • Prefeitura do município e do estado;
  • Corpo de Bombeiros da região.

É a NBR 5419 que determina a obrigação de para-raio em condomínio. Entretanto, são os órgãos municipais que fiscalizam as edificações. Portanto, é importante que o condomínio realize a adequação do para-raio de acordo com a norma nacional e as regras estabelecidas pelas entidades responsáveis da região.

Um condomínio que não conta com um SPDA funcionando corretamente pode ter problemas com o seguro condominial. Nesses casos, a seguradora pode recusar o pagamento da indenização.

Norma NBR 5419

A Norma NBR 5419 serve como base para a instalação e manutenção de para-raios em condomínios. Essa regra serve como base para os Sistemas de Proteção Contra Descargas Elétricas (SPDA).
A norma passou por uma atualização em 2015 e isso possibilitou a garantia de uma proteção ainda maior para os condomínios prediais. As alterações da NBR 5419 determinaram que:

  • A inspeção visual do equipamento seja realizada a cada seis meses;
  • Condomínios residenciais tenham cabos condutores de descida instalados a cada 15 metros.

Além disso, a Norma NBR 5419 também define qual a exigência de para-raio e SPDA em condomínios. A altura mínima para instalar para-raios é de 25 metros. Entretanto, construções em áreas com alta densidade de descargas elétricas são obrigadas a ter para-raios independente da altura.

Legislação sobre para-raios

Apesar da norma nacional, alguns estados brasileiros contam com a própria legislação sobre assunto. Isso quer dizer que os condomínios precisam respeitar a NBR 5419 e ainda adequar-se às especificidades das regras da região onde se encontram.

Por exemplo, no Rio Grande do Sul, a lei obriga que todos os edifícios com mais de três andares ou com área total construída superior a 750 metros quadrados tenham SPDA. Enquanto que em São Paulo, a regra é que qualquer edifício com mais de um andar conte com o equipamento.

Além disso, é importante destacar que a aparelhagem a manutenção de para-raios fazem parte do Plano de Prevenção e Combate de Incêndios (PPCI). Para adquirir um Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), o condomínio precisa entregar documentos sobre o para-raio da construção. Nessas situações, é exigido a entrega do ART (Anotações de Responsabilidade Técnica) assinado por um engenheiro eletricista.
Se o condomínio não estiver seguindo as regulamentações propostas pela NBR 5419 e pela legislação da região, é necessário fazer a adequação de para-raio. Para isso, deve-se contratar uma empresa responsável que respeite as exigências vigentes.

Por outro lado, um condomínio que não conta com um SPDA funcionando corretamente pode ter problemas com o seguro condominial. Nesses casos, a seguradora pode recusar o pagamento da indenização.

Plano de manutenção de SPDA

Como foi indicado anteriormente, o SPDA do condomínio precisa passar por uma vistoria a cada seis meses. Assim sendo, duas vezes por ano o condomínio deve contratar o serviço de uma empresa habilitada, com um engenheiro responsável que emitirá um laudo do para-raio.

Na revisão é feita uma análise da resistência do aterramento e do estado do aparelho. Junto com isso, é feita a medição ôhmica do para-raios, que confere a resistência do metal do equipamento.

Durante a manutenção do SPDA, é necessário conferir também os seguintes itens:

  • Caixa d’água e antenas de TV por satélite: geralmente ficam localizadas no topo do edifício. Precisam estar devidamente aterradas já que são feitas com material condutor de eletricidade.
  • Peças em geral: a manutenção de para-raios deve conferir se as peças precisam de reposição. Se o condomínio fica em uma região próxima ao mar, a atenção deve ser redobrada por causa da maresia.
  • Lâmpada do para-raio: no topo do equipamento deve haver uma lâmpada fotocélula indicando a altura do edifício. É necessário conferir se ela não está queimada.
  • Cabos e captores: devem ser limpados e revisados durante a manutenção do para-raio. Também é importante conferir se estão bem fixados. Ainda deve-se checar se não há nenhum cabo quebrado.

Se a manutenção do para-raio não for feita de forma correta, os cabos condutores podem oxidar ou se soltar. Por consequência disso, o equipamento deixa de funcionar corretamente e o condomínio fica exposto.

A manutenção do para-raio deve ser realizada antes da chegada do período de chuvas. Na maior parte do Brasil, essa época é durante a primavera e verão. Para facilitar as coisas, o síndico pode adicionar a manutenção do para-raio na sua Planilha de Controle do Condomínio.

Tipos de para-raios

Existem dois tipos para-raios mais comuns no Brasil. O para-raios de Franklin e o para-raios de Melsens.

  • Para-raio de Franklin: esse é o modelo mais comum no país. É composto por uma haste metálica que desce até o solo. Toda a energia do raio é conduzida através desse cabo único.
  • Para-raio de Melsens: também é conhecido como “Gaiola de Faraday”. Ao contrário do de Franklin, este possui uma série de hastes condutoras. Todo o sistema é composto por uma armadura metálica que lembra uma gaiola. Desse modo, é feita a instalação de uma malha de fios metálicos no topo do edifício.

Alguns especialistas indicam utilizar os dois tipos de para-raio. Dessa forma, os dois modelos operam juntos oferecendo uma maior proteção ao condomínio.

Manutenção de para-raios em condomínios antigos

Alguns condomínios antigos não possuem infraestrutura para se atualizar conforme as normas de manutenção de para-raios. Nesses casos, a solução é focar na manutenção preventiva do equipamento. Com isso, busca-se evitar ao máximo que algo de ruim aconteça apesar dos limites que a edificação apresenta.

É importante contratar o serviço de uma empresa especializada que pode dar suporte ao condomínio sobre qual melhor a proteção antiraios. Diante disso, também é fundamental que o síndico entre em contato com o Corpo de Bombeiros da região. A atitude tem o intuito de conferir quais medidas de segurança devem ser tomadas em relação à prevenção de incêndios em caso de raios.

Além disso, é essencial que o síndico compreenda o tamanho da importância de contar com um SPDA no condomínio. Como define o artigo 1.348 do Código Civil, o síndico é o responsável pelo condomínio e pode responder civil e criminalmente caso ocorra algum acidente. Assim sendo, não há espaço para negligência ou manutenção malfeita.

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